O cérebro possui 4 formas de captação de informações (visual, auditiva, cinestésica e digital) relacionadas com cada um dos sentidos. O tato, o olfato e o paladar resultam na capacidade cinestésica (sentir); a visão resulta na capacidade visual e a audição, na auditiva. Há também pessoas que possuem um grande equilíbrio entre o peso das formas de captação: são os digitais ou polivalentes.

Cada pessoa possui uma forma de captação maior ou menor em seus diversos sentidos. Procure se identificar:

Visual. Precisa “ver” a coisa para compreender, captar, aprender. Não basta conversa, não basta raciocinar ou uma boa explicação. Visuais precisam ver para compreender. Você pode perceber a tendência visual na fala da pessoa, pois diz “Viu?”, “Veja bem”, “Olha só”, “Não vejo a hora”, “Visualiza isso, cara”. Outra forma de perceber a tendência é a gesticulação na frente ou indicando os olhos e a postura mais ereta.

Auditivo. Precisa ouvir, escutar. Responde melhor a um estímulo auditivo do que aos demais. Ao falar utiliza termos como “Vê se me escuta” e “Isso não me soa bem”. Gesticula na altura dos ouvidos ou apontando e tocando os próprios ouvidos ou do interlocutor. Em sua postura pode parecer estar virando o ouvido para ouvir melhor.

Cinestésico. Procura a sensação de sentir, provar, tocar. Fala “Não me cheira bem”, “Não me toquei com isso”; “Esse cara me marcou”, “Sentiu isso, cara?”, etc. Precisa sentir, tocar. Sua postura parece indicar a tentativa de cheirar ou provar.

Digital ou polivalente. Essa pessoa é aquela que tem uma captação equilibrada entre os sistemas acima. Sua característica é a de ser introspectivo no sentido de se tocar ou falar sozinho, gostar de pensar “com seus botões” e querer a explicação de tudo.

Dar aulas é um bom sistema de aprendizado, pois força o uso de habilidades relacionadas com os cinco sentidos. Veja qual a forma para você aprender melhor:

a) Se é vendo, atente para a lousa, mentalize-a. Faça muitos esquemas visuais, fluxogramas, anotações em árvore, utilize cores, marcadores fluorescentes, etc. Se você estiver em uma situação na qual não pode ver a matéria, lembre-se dela e a mentalize numa lousa (quadro-negro) mental onde se escreverá a idéia ou se fará um esquema.

b) Se é ouvindo, não perca a concentração nas aulas. Repita a matéria para si próprio (recitação). Grave a matéria em fitas cassete e as ouça.

c) Se é sentindo, procure participar das atividades da aula e criar métodos de estudo que agucem o uso dos sentidos. Toque o caderno ou apostila. “Sinta” o cheiro da matéria, sinta o seu gosto. Estude em lugares perfumados. Relacione assuntos com odores, gosto, e assim por diante. Experimente se estudar manuseando uma bola de borracha ou de metal aumenta ou não seu rendimento. Há pessoas onde isso ocorre por causa da estimulação e outras onde atrapalha porque é mais uma informação para o consciente.

d) Você aprenderá melhor se utilizar sistemas que combinem os diversos modos de captação sensorial. O melhor sistema de aprendizado é fazer. Prepare aulas, escreva, fale, faça resumos, exercite, pratique. Se você quer aprender sobre Habeas Corpus, vá a uma Delegacia ou presídio e arrume algum necessitado que faça jus a um. Ingresse com um caso verdadeiro e verá que a fixação será multiplicada por 10 ou 20. Quer aprender a falar, ministrar aulas ou qualquer outra coisa? Faça-o.

Podemos aprender melhor de uma forma ou de outra, aproveitando nossos pendores naturais. Ao lado disso, não custa nada procurar um pouco de exercício nas formas em que somos menos habilidosos.

A pessoa deve aproveitar ao máximo sua facilidade e, paralelamente, procurar desenvolver a aptidão para aprender por outros sentidos. Isso aumenta o poder geral de captação e a adaptabilidade para situações onde não podemos definir o modo de passagem das informações. Em meus primeiros testes sobre essas funções, eu possuía uma grande preponderância visual, um pouco de habilidade auditiva e quase nada de cinestésica.

Com o tempo e esforço consegui equilibrar as três formas e, nos exames atuais, sou classificado como digital. A facilidade de captação por qualquer das vias fornece uma versatilidade maior e menor influência da fonte (se visual, auditiva ou cinestésica), pois o cérebro estará treinado para aceitar bem as três.

Fonte: William Douglas é juiz federal com mestrado em Direito e pós-graduação em Políticas Públicas e Governo. Atua também como professor em cursos de extensão em Direito e preparatórios para concursos. É autor de vários livros com dicas para aprovação em seleções públicas.